quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Transtorno dismórfico corporal: Você gosta do que vê quando se olha no espelho?

Homem se olhando no espelho insatisfeito - NIH


Você gosta do que vê quando se olha no espelho? Se a resposta for “não”, você não está sozinho. Para muitos de nós, há uma lacuna entre como vemos nosso corpo e como gostaríamos que ele fosse.

As taxas de obesidade continuam aumentando, e ao mesmo tempo os meios de comunicação nos bombardeiam com imagens de pessoas magras ou musculosas. A distância entre a realidade e expectativas pode deixar muitas pessoas se sentindo inadequadas.

É normal ocasionalmente se olhar no espelho e desejar ter um corpo mais definido ou cabelo mais glamoroso. Porém, algumas pessoas não conseguem parar de pensar sobre as imperfeições que acreditam ter em seu corpo. Elas podem evitar sair na rua porque sentem-se envergonhadas por causa da sua pele, cabelo, peso ou outras características.

“Elas dizem que são feias, imperfeitas ou deformadas, porém na realidade sua aparência é normal.”, diz Dra. Katharine A. Phillips, psiquiatra na Brown University. “As imperfeições físicas que elas enxergam são coisas que não conseguimos perceber ou são mínimas”.

Ter uma imagem corporal negativa como essa não é somente um problema de atitude. Isso pode afetar a saúde mental e física. Se o excesso de pensamentos sobre seu corpo causar angústia ou interfirir com a sua vida cotidiana, você pode ter um transtorno de imagem corporal, também conhecido como transtorno dismórfico corporal (TDC).

O transtorno dismórfico corporal é uma condição que afeta entre 1-2% da população. Ele ocorre um pouco mais em mulheres do que em homens. “Pessoas com transtorno dismórfico corporal frequentemente pensam sobre um defeito imaginário em sua aparência física; esses pensamentos são difíceis de resistir ou controlar”, diz Dra. Phillips. “Na média, esses pacientes relatam que pensam sobre seus defeitos percebidos em torno de 3 a 8 horas por dia


Por causa dos seus defeitos imaginados, muitas pessoas com transtorno de dismórfico corporal evitam sair em público. Em torno de 3/4 teve episódios dedepressão, e em torno de 1 em 4 tentou suicídio.

Muita atenção tem sido dada a como a cultura e a mídia podem prejudicar os sentimentos femininos sobre seu corpo. Porém, estudos sugerem que homens também sentem que não podem corresponder à imagem sarada e musculosa que veem nos filmes, programas de TV e comerciais.

“A sociedade vem recompensando músculos desenvolvidos e os relacionado à masculinidade”, diz Dr. Harrison Pope, psiquiatra da Harvard Medical School.

Dr. Pope e colegas encontraram uma grande lacuna entre o que os homens pensam sobre seu corpo e o que a acreditam que as mulheres preferem. Em um estudo, pesquisadores pediram a homens nos EUA e Europa para selecionar um tamanho e tipo de corpo no computador que achavam encaixar com seu próprio corpo. Então eles selecionaram um corpo que acreditavam que as mulheres achariam mais atraentes. Na média, os homens esperavam que as mulheres preferissem corpos com em torno de 9 kg a mais de músculos do que tinham.

Porém, quando os cientistas perguntaram às mulheres que forma de corpo preferiam, elas escolheram tipos comuns masculinos, sem músculos extra. “Os homens parecem ter uma visão distorcida do que as mulheres querem”, diz Dr. Pope.

Uma visão distorcida do quanto musculoso você é, pode ser sinal de um tipo de transtorno dismórfico corporal chamado dismorfia muscular. Pessoas com esse transtorno podem ser obsessivas em ficarem mais musculosas. “Elas podem olhas no espelho e achar que estão pequenas e fracas, mesmo que na realidade estejam musculosas”, diz Dr. Pope. Sua autoimagem corporal distorcida as coloca sob risco de uso ilegal de anabolizantes e outras drogas para ganhar massa muscular.

Esteróides anabolizantes são extremamente eficientes para construir massa muscular, porém eles cobram um preço alto à saúde do usuário. Eles podem danificar o fígado, causar pressão alta, colesterol elevado e problemas de pele. Evidência crescente sugere que esteróides anabolizantes podem também danificar o músculo cardíaco. Homens podem desenvolver mamas e ter os testículos diminuídos. O uso de esteróides anabolizantes também pode alterar certas substâncias do cérebro e afetar o humor e comportamento.

“Um efeito surpreendente é que quando homens tomam esteróides anabolizantes e gradualmente ficam mais musculosos, eles algumas vezes ficam mais obcecados com sua massa muscular e até mais insatisfeitos”, diz Dr. Pope.

Pessoas com transtorno de dismórfico corporal podem focar em qualquer parte do corpo. A preocupação mais comum é com algum aspecto da pele. Muito pacientes são fixados no seu cabelo ou nariz. Alguns se preocupam com seu peso, coxas, dentes ou face. Mais de 1/3 procura cirurgia estética, embora essa raramente corrija o problema que imaginam ter.

Transtorno dismórfico corporal pode ser difícil de diagnosticar, porque afeta pessoas que parecem normais e frequentemente são muito tímidas para falar sobre suas preocupações com a aparência. Pistas incluem se olhar frequentemente no espelho, cuidados excessivos com a aparência e cobrir as partes do copo que não gostam.

“A boa notícia é que estamos aprendendo muito sobre tratamentos efetivos para esse transtorno”, diz Dra. Phillips. Alguns estudos sugerem que medicamentos conhecidos como inibidores de recaptação de serotonina, o quais são usados para tratar depressão, podem ser efetivos no tratamento de transtorno de dismórfico corporal. Um tipo de psicoterapia conhecida como cognitivo comportamental, também parece promissora.

Caso não tenha um transtorno de autoimagem, melhorar sua atitude sobre seu corpo pode se dar aceitando que corpos saudáveis podem ter muitas formas e tamanhos. Todos queremos ter boa aparência, mas não devemos nunca sacrificar nossa saúde para tentar obter um “corpo perfeito”.



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