terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Dica da Dinâmica Sports: O Uso das Meias de Compressão

O Uso das Meias de CompressãoO Uso das Meias de Compressão

Olá internautas do EsporteX! Estou novamente por aqui, para falar desta vez sobre um assunto que virou moda entre os corredores e ciclistas – As meias de compressão. Um número cada vez maior de praticantes tem utilizado estas meias com o objetivo de melhorar o seu rendimento durante uma determinada prova e ainda sim ter uma recuperação pós prova mais rápida e com menos dores musculares. 

Porém, será que realmente estas meias ajudam tanto assim? Ou será que existe um efeito placebo além de muito marketing e estilo perantes nossos corredores e ciclistas? Resolvi pesquisar na literatura e busquei os 5 artigos mais recentes (até minha busca, pois pode ser que hoje, neste momento que você lê esta matéria, já tenha algum ainda mais recente) e fiz um resumo dos resultados obtidos diante os experimentos. 

Colocarei resumidamente cada um dos 5 artigos, dividos por parágrafos para saber o que cada um diz e logo após fecharei com minhas conclusões. Mas, antes disso, vamos detalhar melhor a real finalidade das meias de compressão. As meias de compressão ou meias elásticas foram usadas por muitos anos como um método de pressão mecânica para profilaxia de trombose venosa profunda. Em trabalho clínico este método é o preferido dentre outros métodos mecânicos e farmacológicos já que esta tipo de roupa é barato e fácil de aplicar. Vários estudos têm demonstrado um aumento na velocidade de tensão venosa profunda, redução do retorno venoso, e um melhor retorno venoso não ativo, em pacientes em repouso de hospitais e de viajantes de longa distância que usavam meias graduadas de compressão (Gandhi, Palmar, Lewis, & Schraibman, 1984; Lawrence & Kakkar, 1980). 

A compressão externa reduz toda área de secção transversal do membro inferior e aumenta a velocidade linear do fluxo de sangue no sistema venoso (Ido et al, 1995;. Meyerowitz & Nelson, 1964; Stanton, Freis, & Wilkins, 1949). Estudos recentes utilizando roupas de compressão durante o exercício indicaram uma melhora na performance de endurance (Bringard, Perrey, & Belluye, 2006b), bem como a recuperação acelerada do exercício (Gill, Beaven, & Cook, 2006). Estas respostas são atribuídas provavelmente à melhoria da circulação periférica, o retorno venoso (Agu, Baker & Seifalian, 2004; Ibegbuna, Delis, Nicolaides & Aina, 2003), a depuração de lactato sanguíneo (Chatard . et al, 2004), a oscilação muscular reduzida (Bringard, Denis, Belluye, e Perrey, 2006a;. Bringard et al, 2006b) e a melhor depuração de marcadores de lesão muscular a creatina quinase – CK – (Gill et al., 2006). Muitos atletas de alto desempenho em uma série de esportes adotaram longas meias elásticas, especialmente durante as competições de resistência, como corrida e triatlos. Estas meias de compressão têm recebido muita atenção após Paula Radcliff ter estabelecido um novo recorde mundial da maratona em 2003, utilizando tais meias. Apesar de um alto esforço ter sido investido para descrever o papel das roupas de compressão em pacientes doentes, no pós-operatório, e inativos, há uma falta de evidência clara de benefícios para atletas bem treinados. Vários resultados sobre o desempenho têm sido relatados em comparações de vestuário de compressão e de não compressão. 

Estas variações podem resultar da heterogeneidade dos procedimentos realizados nos testes, a pressão de área de compressão aplicada, bem como uma falha ao avaliar adequadamente variáveis como o fluxo de sangue durante o exercício. Além disso, um baixo número de participantes, a não utilização de grupos de controle e tamanhos de efeito moderado levaram a resultados variados. Além disso, polêmicas descobertas podem ser resultado de pressões comerciais de empresas patrocinadoras de determinados estudos de avaliação de seus produtos. Abaixo, segue o resumo de cada estudo realizado, dividido por parágrafos: Em Diferentes tipos de roupas de compressão não aumentam a performance sub-máxima e máxima de endurance em atletas bem treinados, SPERLICH B et al. 2010, selecionaram 15 indivíduos saudáveis, não fumantes, do sexo masculino, bem treinados (corredores e triatletas) com média: de idade 27 anos, 1,83 cm de estatura, 76 kg e VO2 máx 63,7 ml kg min), sendo o estudo aprovado pelo conselho de ética. O objetivo do estudo foi testar três tipos de roupas de compressão (meias, collants, e de corpo inteiro) em atletas bem treinados para avaliar as respostas fisiológicas (consumo de oxigênio, lactato concentração, saturação de oxigênio) e os efeitos sobre o desempenho (tempo de exaustão). 

Todos os participantes realizaram cinco testes em uma esteira motorizada. Amostras de sangue pré-exercício foram retirados do lóbulo da orelha direita para determinar concentração basal de lactato, saturação de oxigênio e pressão parcial de oxigênio e consumo de oxigênio, além de avaliações de dor muscular terem sido registradas. Os participantes foram ainda solicitados a classificar o seu esforço percebido na escala de Borg 6-20 (Borg, 1970) e sua dor muscular na coxa percebida em uma escala de 7 pontos (0 = nenhuma dor a 6 = muito doloroso). Os resultados demonstram que o consumo de oxigênio máximo e sub-máximo não diferiu entre as condições de teste. A concentração arterial de lactato e pH durante a execução máxima e sub-máxima não diferiu entre os tipos de vestuário. A saturação de oxigênio e da pressão parcial não foram afetados pela roupa em ambas as intensidades. 

Durante o exercício sub-máximo, os participantes classificaram sua esforço percebido na escala de Borg como”um pouco ”rígido sem diferenças entre as condições. O esforço máximo foi avaliado como “muito, muito difícil” sem diferenças entre os tipos de vestuário. A percepção de dor muscular não foi diferente entre as condições e finalmente, o tempo até a exaustão foi afetado pelo tipo de vestuário, porém nada tão significativo. No geral, não houveram benefícios de desempenho ao utilizar roupas de compressão e roupas não compressivas. Em Os efeitos das meias de compressão na performance de corrida em Homens corredores, KEMMLER W. et al. 2009, procuraram determinar o efeito de usar meias de compressão abaixo do joelho versus a utilização de meias convencionais no desempenho físico e capacidade aeróbica de corredores moderadamente treinados. Para isso foram selecionados 21 atletas moderadamente treinados, do sexo masculino, com pelo menos 4 anos de experiência, volume de treino semanal entre 25 e 70 km semanais durante o ano anterior, tempo de mais de 34 minutos para corrida de 10 km. Além disso, foram determinados o conforto e correto ajuste da meias de compressão. O estudo foi aprovado pelo conselho de revisão institucional. Nos resultados todos os sujeitos relataram um correto ajuste e condições confortáveis de uso para as meias de compressão durante o teste. 

O resultados do teste ergométrico progressivo de desempenho voluntário máximo demonstrou que tempo de execução, conforme determinado pela carga e o trabalho total foram significativamente maior com as meias de compressão do que sem as meias. Além disso, a velocidade máxima foi significativamente superior usando meias de compressão. No entanto, as meias de compressão não afetaram significativamente o VO2max. Além disso, não existiram diferenças significativas observadas entre as meias de compressão e meias normais para o lactato máximo, FCmax, volume expiratório e relação de troca respiratória. Portanto, este estudo, demonstrou claramente o benefício das meias de compressão sobre o desempenho na de homens corredores moderadamente treinados, com idade entre 25-60 anos de idade. Os autores ainda fazem a observação de que é difícil julgar a relevância dessas diferenças encontradas no grupo de corredores moderadamente treinados presente no estudo. No entanto, transferido para o nível de um atleta top, a menor melhoria de desempenho ter um efeito relevante sobre a oportunidade de atleta obter uma medalha é de cerca de um terço da variação de desempenho competitivo. 

Assim, as meias de compressão podem fornecer substancial vantagem fisiológica para todos os corredores independentemente de sua distância preferida de corrida. Em, Efeitos de meias de compressão durante o exercício e recuperação na cinética do lactato sanguíneo, RIMAUD D. et al. 2010 , procuraram investigar se usar meias de compressão (CS) durante o exercício e a recuperação podem afetar o perfil de lactato em desportistas. Para isto, selecionaram 8 jovens saudáveis (não tinham doenças cardiovasculares, pulmonares, metabólicas, insuficiência venosa ou doença vascular periférica) e treinados (corrida, ciclismo ou natação) do sexo masculino e realizaram dois testes máximos de exercício em cicloergômetro em duas ocasiões diferentes realizados de forma aleatória: Uso de meias de compressão durante ambos os testes e durante a recuperação e não uso de meias de compressão. A concentração de lactato sanguíneo foi tomada durante e após o exercício. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética. 

Os testes foram realizados na mesma hora do dia, no mesmo dia da semana, com exatamente 1 semana de intervalo. Pelo menos 4 horas antes de cada teste, os indivíduos abstiveram-se de cafeína, álcool, nicotina e foram orientados a evitar atividades vigorosas 24 horas antes do teste. Os indivíduos realizaram um aquecimento de 6 minutos e então o ritmo de trabalho foi aumentado a cada 2 minutos até a exaustão (quando os indivíduos não conseguiam mais manter a taxa de pedalada necessária apesar do encorajamento verbal dos examinadores). No final do teste de esforço máximo, o ciclista permaneceu sentado em uma cadeira. Foram controlados antes e após o teste o ECG (eletrocardiograma), pressão arterial sistólica e diastólica, escala de Borg avaliada de acordo com o esforço individual percebido e ainda foram tomadas amostras de sangue na ponta dos dedos para controle de concentração de lactato. Os resultados demonstraram que não houveram diferenças significativas na FC máxima e submáxima ou máxima, no VO2; na potência correspondente ao VO2max; na pressão arterial sistólica e distólica entre as condições de uso e não uso de meias de compressão. Valores de lactato sanguíneo significativamente mais altos foram encontrados ao final do exercício máximo no uso das meias de compressão em comparação com não uso das meias. Porém, embora a concentração de lactato no sangue tenha sido superior até o 15º minuto de recuperação, a diferença não alcançou um nível de significância. Uma das principais conclusões do estudo é que o uso das meias de compressão durante o exercício leva a uma maior concentração de lactato no sangue após o exercício. 

Do ponto de vista conceitual, estas maiores concentrações de lactato no sangue podem ser explicadas tanto por um maior aparecimento de lactato durante o exercício, quanto por uma diminuição da taxa de desaparecimento do lactato ou por uma combinação dessas duas possibilidades. Embora a hipótese de um menor desaparecimento de lactato do organismo durante o exercício com meias de compressão não possa ser totalmente excluída, é improvável que esta possibilidade explique por si só uma maior concetração de lactato após o exercício com as meias de compressão. Os resultados e interpretações obtidas estão em total acordo com estudos anteriores mostrando que a aplicação de pressão positiva inferior do corpo (causado pelo uso das meias) durante o exercício induziu uma maior liberação de lactato dos músculos ativos (Sundberg e Kaijser 1992) e um acúmulo de lactato no sangue aumentada (Eiken e Bjurstedt 1987; Nishiyasu et al. 2000; Rowell et al. , 1991). Portanto a capacidade de remoção de lactato significativamente maior não parece ser suficiente para acelerar profundamente o retorno de concentrações de lactato no sangue aos níveis basais, com isso a recuperação ativa parece continuar a ser a estratégia mais eficiente para retirado do lactato do corpo (Bangsbo et al 1994;. Brooks, 1986; Hatta 1990; Martin et al. 1998; Monedero e Donne, 2000) do que o uso de meias de compressão. Baseado nisso tudo, os níveis mais altos de lactato nos levam a ter cautela em recomendações práticas sobre o uso de meias de compressão durante o exercício. - See more at: http://www.esportex.com.br/portal/esporte/o-uso-das-meias-de-compressao/#sthash.3130D7o6.dpuf


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